
João da Cruz Sant'Anna Filho, 47, é motoqueiro e quer comprar uma "7 galo".
Veja na sequência a entrevista que ele nos concedeu:
1. Por que você anda de moto (invés de carro)?
R.: O verdadeiro motoqueiro só anda de moto. Carro só se for carona.
Ser motoqueiro é um modo de vida, uma filosofia ou um estilo. Imagine-se planejando uma viajem, o que levar, o caminho, as condições do veículo, o custo com combustível, etc... Só que, para o motoqueiro, só vai se for possível ir de moto, se não for assim, não vai e ponto final.
Importante: Você pode andar de moto o dia inteiro, como entregador, motoboy, piloto ou policial, mas mesmo assim você pode não ser motoqueiro.
Se o que você faz com a moto for por obrigação/trabalho, e no final do dia vai embora de carro ou de ônibus, então você não é motoqueiro. Motoqueiro tem moto e fim de papo!
Eu já fui motoqueiro... Já fiz viajem incríveis de moto. Hoje, devido ao meu trabalho, viajo mais de carro e a moto fica parada...
2. Há quanto tempo você é motoqueiro? Por que começou?
R.: Comprei minha primeira moto com 19 anos, uma DT 180 toda equipada para trilhas, depois de 4 meses com ela fiz uma viajem de 450 km, só parando para abastecer. Pouca gente fez isso, com uma moto 2 tempos. Descobri que estava no sangue. Eu sempre andei muito de bicicleta, muito mesmo, e pra pular pra moto foi fácil. Talvez foi por isso que as motos sempre me atraíram.
3. Anda de carro também? Pretende passar a andar somente de carro?
R.: A minha moto atual não me agrada nem um pouco, devido à falta de potência. Se não puder comprar uma “7 galo” (na minha época a 750 cc era chamada assim), vou andar só de carro.
4. Você tem uma forma peculiar de se vestir por causa da moto? Se sim, qual?
R.: Motoqueiro, quando vai pra pista, tem que usar uma jaqueta, de preferência de couro, devido a tombos... e luvas pro frio. Vejo algumas pessoas com verdadeiros uniformes ou trajes "espaciais". Acho um exagero ou forma de chamar a atenção, mas de forma alguma o verdadeiro motoqueiro chama a atenção com a roupa. Entende? (igual ao Pelé)*.
5. Você vai a algum evento de moto clube? Qual? Como obtém informações sobre eles?
R.: Já fui em muitos eventos: corridas de motocross, encontros de motoqueiros, como o de Barretos, o qual só perde em tamanho para o das Harleys nos USA, se bem que a crise financeira pode fazer a Harley fechar, uma pena. A divulgação acorre através dos motoclubes, internet (hoje) e cartazes em postos de gasolina...
6. Você levaria sua família a esses eventos? Por quê?
R.: Este é um problema. Só se o resto da família for de carro e aí, não dá pra curtir a viajem. Você vai querer ir acompanhando o carro, e sua mulher vai dirigindo... Já pensou? Hahahahahahaha. É melhor não. Brincadeira...
Sempre vejo casais indo à encontros, viajando sempre com várias motos juntas... É bacana, mas e as crianças???
7. Gostaria de fazer parte de algum moto clube? Por quê?
R.: É claro que sim, é uma forma de fazer amigos, de viajar juntos, se bem que gosto de viajar sozinho também.
Às vezes os encontros são mais dentro de casa do que na estrada... Mas é sempre bom. Hoje eu não faço parte de nenhum.
8. Que estilo de música você gosta? Seu gosto mudou por causa da moto?
R.: Isso é interessante. Não dá pra ouvir música na moto não é mesmo? Mas a referência musical do motoqueiro é o bom e velho rock, dos anos 60/70, de preferência. Por causa da influência dos filmes americanos do tipo easy rider. Por outro lado, os motoqueiros de motos japonesas de hoje são do tipo velozes e furiosos, e aí acho que curtem música eletrônica, uma coisa sem cabimento, hahahahahahahahaha... O mundo está perdido...
Eu sempre ouvi rock antigo, os clássicos do tipo Kiss FM e também os desconhecidos que só eu sei onde achar... Mas acho que a moto não me levou a isso e, pensando bem, os outros motoqueiros com quem costumava viajar não eram muito rockeiros...
9. O que a moto significa para você?
R.: Hoje eu tenho a moto mais como uma lembrança boa, ela ainda está na garagem, mas minha relação com ela mudou, o mundo mudou. Passear sozinho não faz mais sentido pra mim! E o resto da família?
Quando vou pra São Paulo e ouço as buzinas dos Boys, fico com um nó na garganta. Acho que é a mesma sensação do inventor do avião vendo seu projeto sendo usado pra guerra. Uma distorção do uso da moto, aliás milhares de pequenas motos... Uma visão do inferno... Ou de uma cidade da China... hahahahahahahahaha.
10. O que a sua família pensa em relação a você andar de moto?
R.: Pois é! Minha esposa e filhos (pequenos) gostam de andar comigo... Mas um de cada vez? É chato, não é? Eu ia trabalhar de moto, quando atendia clientes na minha cidade [Mirassol e São José do Rio Preto - ambas no interior de são Paulo], achava mais prático e barato... Mas e a chuva e poças, e se o notebook cair no chão? ...e se o notebook e eu caírem no chão? Uma trajédia... Entende? (Gisele)*.
11. Você já sofreu algum preconceito por andar de moto?
R.: Meu sogro era contra motos, eu tinha que sair escondido com aquela que se tornaria a minha atual esposa. Fora isso, acho que não.
12. Qual sua filosofia de vida?
R.: Pensar, falar e agir incomodando o menos possível as outras pessoas... Saber contornar os problemas com sabedoria, evitar os becos sem saída e usar boas alternativas sempre que possível!
13. Você trabalha/estuda em áreas que tenham a ver com motos? Se sim, qual área?
R.: Hoje trabalho com venda de peças e acessórios para veículos. Alguns itens são para motos, como câmaras de ar, bicos para pneus e parafusos de roda, mas não é minha linha central de produtos. O mercado mundial de motos está sendo invadido pela China. Talvez a sua próxima moto seja chinesa... Decadência total. hahahahahaha.
14. Conte-nos um caso curioso que aconteceu com você em relação à moto!
R.: Em 1992 comprei uma Honda CB 400 em Belo Horizonte/MG e fui para São José do Rio Preto/SP, são mais ou menos 900 km, mesmo indo devagar, ia fazer o percurso durante o dia. No trevo de Araxá meu pneu dianteiro furou e quase cai. Quando parei, notei um carro do outro lado da estrada também parando e um camarada saiu e foi me dizendo que também tinha uma moto igual e ia me ajudar a concertar o pneu. Fui com ele até seu sítio próximo, e com suas ferramentas desmontei o pneu, daí ele me levou pro borracheiro, que disse alguma coisa sobre minha câmara de ar ser imprestável. Como já era 18:30hs, o meu novo amigo motoqueiro disse: - Conheço um hotel bem barato, você fica até amanhã cedo, eu te levo na loja e com a câmara nova você segue viajem. E foi como aonteceu. No dia seguinte, às 9:00hs, a moto já estava pronta. Dá pra acreditar? Acho que este camarada não existia, só estava ali pra me ajudar, tipo anjo da guarda, entende? (Pelé e Gisele juntos)*.
[*Referência da propaganda: http://www.youtube.com/watch?v=0w3YNyfF-z0]
15. Gostaria de fazer algum comentário?
R.: Hoje, 26/05/2010, às 19:00hs, um motoqueiro se chocou de frente com uma carreta na rodovia bem perto da minha casa. Muito chocante? Na realidade, não.
• O modo displicente e amador com que as auto-escolas formam os futuros motoqueiros é um absurdo!
• A moto pequena é uma opção barata como meio de transporte, mas as ruas e estradas do Brasil e os motoristas não estão adaptados para essa realidade.
Que isso não sirva para desencorajá-los de ser motoqueiro, mesmo porque quem nasce assim, já é! Então se você for um, tome cuidado e seja feliz!!!
Veja na sequência a entrevista que ele nos concedeu:
1. Por que você anda de moto (invés de carro)?
R.: O verdadeiro motoqueiro só anda de moto. Carro só se for carona.
Ser motoqueiro é um modo de vida, uma filosofia ou um estilo. Imagine-se planejando uma viajem, o que levar, o caminho, as condições do veículo, o custo com combustível, etc... Só que, para o motoqueiro, só vai se for possível ir de moto, se não for assim, não vai e ponto final.
Importante: Você pode andar de moto o dia inteiro, como entregador, motoboy, piloto ou policial, mas mesmo assim você pode não ser motoqueiro.
Se o que você faz com a moto for por obrigação/trabalho, e no final do dia vai embora de carro ou de ônibus, então você não é motoqueiro. Motoqueiro tem moto e fim de papo!
Eu já fui motoqueiro... Já fiz viajem incríveis de moto. Hoje, devido ao meu trabalho, viajo mais de carro e a moto fica parada...
2. Há quanto tempo você é motoqueiro? Por que começou?
R.: Comprei minha primeira moto com 19 anos, uma DT 180 toda equipada para trilhas, depois de 4 meses com ela fiz uma viajem de 450 km, só parando para abastecer. Pouca gente fez isso, com uma moto 2 tempos. Descobri que estava no sangue. Eu sempre andei muito de bicicleta, muito mesmo, e pra pular pra moto foi fácil. Talvez foi por isso que as motos sempre me atraíram.
3. Anda de carro também? Pretende passar a andar somente de carro?
R.: A minha moto atual não me agrada nem um pouco, devido à falta de potência. Se não puder comprar uma “7 galo” (na minha época a 750 cc era chamada assim), vou andar só de carro.
4. Você tem uma forma peculiar de se vestir por causa da moto? Se sim, qual?
R.: Motoqueiro, quando vai pra pista, tem que usar uma jaqueta, de preferência de couro, devido a tombos... e luvas pro frio. Vejo algumas pessoas com verdadeiros uniformes ou trajes "espaciais". Acho um exagero ou forma de chamar a atenção, mas de forma alguma o verdadeiro motoqueiro chama a atenção com a roupa. Entende? (igual ao Pelé)*.
5. Você vai a algum evento de moto clube? Qual? Como obtém informações sobre eles?
R.: Já fui em muitos eventos: corridas de motocross, encontros de motoqueiros, como o de Barretos, o qual só perde em tamanho para o das Harleys nos USA, se bem que a crise financeira pode fazer a Harley fechar, uma pena. A divulgação acorre através dos motoclubes, internet (hoje) e cartazes em postos de gasolina...
6. Você levaria sua família a esses eventos? Por quê?
R.: Este é um problema. Só se o resto da família for de carro e aí, não dá pra curtir a viajem. Você vai querer ir acompanhando o carro, e sua mulher vai dirigindo... Já pensou? Hahahahahahaha. É melhor não. Brincadeira...
Sempre vejo casais indo à encontros, viajando sempre com várias motos juntas... É bacana, mas e as crianças???
7. Gostaria de fazer parte de algum moto clube? Por quê?
R.: É claro que sim, é uma forma de fazer amigos, de viajar juntos, se bem que gosto de viajar sozinho também.
Às vezes os encontros são mais dentro de casa do que na estrada... Mas é sempre bom. Hoje eu não faço parte de nenhum.
8. Que estilo de música você gosta? Seu gosto mudou por causa da moto?
R.: Isso é interessante. Não dá pra ouvir música na moto não é mesmo? Mas a referência musical do motoqueiro é o bom e velho rock, dos anos 60/70, de preferência. Por causa da influência dos filmes americanos do tipo easy rider. Por outro lado, os motoqueiros de motos japonesas de hoje são do tipo velozes e furiosos, e aí acho que curtem música eletrônica, uma coisa sem cabimento, hahahahahahahahaha... O mundo está perdido...
Eu sempre ouvi rock antigo, os clássicos do tipo Kiss FM e também os desconhecidos que só eu sei onde achar... Mas acho que a moto não me levou a isso e, pensando bem, os outros motoqueiros com quem costumava viajar não eram muito rockeiros...
9. O que a moto significa para você?
R.: Hoje eu tenho a moto mais como uma lembrança boa, ela ainda está na garagem, mas minha relação com ela mudou, o mundo mudou. Passear sozinho não faz mais sentido pra mim! E o resto da família?
Quando vou pra São Paulo e ouço as buzinas dos Boys, fico com um nó na garganta. Acho que é a mesma sensação do inventor do avião vendo seu projeto sendo usado pra guerra. Uma distorção do uso da moto, aliás milhares de pequenas motos... Uma visão do inferno... Ou de uma cidade da China... hahahahahahahahaha.
10. O que a sua família pensa em relação a você andar de moto?
R.: Pois é! Minha esposa e filhos (pequenos) gostam de andar comigo... Mas um de cada vez? É chato, não é? Eu ia trabalhar de moto, quando atendia clientes na minha cidade [Mirassol e São José do Rio Preto - ambas no interior de são Paulo], achava mais prático e barato... Mas e a chuva e poças, e se o notebook cair no chão? ...e se o notebook e eu caírem no chão? Uma trajédia... Entende? (Gisele)*.
11. Você já sofreu algum preconceito por andar de moto?
R.: Meu sogro era contra motos, eu tinha que sair escondido com aquela que se tornaria a minha atual esposa. Fora isso, acho que não.
12. Qual sua filosofia de vida?
R.: Pensar, falar e agir incomodando o menos possível as outras pessoas... Saber contornar os problemas com sabedoria, evitar os becos sem saída e usar boas alternativas sempre que possível!
13. Você trabalha/estuda em áreas que tenham a ver com motos? Se sim, qual área?
R.: Hoje trabalho com venda de peças e acessórios para veículos. Alguns itens são para motos, como câmaras de ar, bicos para pneus e parafusos de roda, mas não é minha linha central de produtos. O mercado mundial de motos está sendo invadido pela China. Talvez a sua próxima moto seja chinesa... Decadência total. hahahahahaha.
14. Conte-nos um caso curioso que aconteceu com você em relação à moto!
R.: Em 1992 comprei uma Honda CB 400 em Belo Horizonte/MG e fui para São José do Rio Preto/SP, são mais ou menos 900 km, mesmo indo devagar, ia fazer o percurso durante o dia. No trevo de Araxá meu pneu dianteiro furou e quase cai. Quando parei, notei um carro do outro lado da estrada também parando e um camarada saiu e foi me dizendo que também tinha uma moto igual e ia me ajudar a concertar o pneu. Fui com ele até seu sítio próximo, e com suas ferramentas desmontei o pneu, daí ele me levou pro borracheiro, que disse alguma coisa sobre minha câmara de ar ser imprestável. Como já era 18:30hs, o meu novo amigo motoqueiro disse: - Conheço um hotel bem barato, você fica até amanhã cedo, eu te levo na loja e com a câmara nova você segue viajem. E foi como aonteceu. No dia seguinte, às 9:00hs, a moto já estava pronta. Dá pra acreditar? Acho que este camarada não existia, só estava ali pra me ajudar, tipo anjo da guarda, entende? (Pelé e Gisele juntos)*.
[*Referência da propaganda: http://www.youtube.com/watch?v=0w3YNyfF-z0]
15. Gostaria de fazer algum comentário?
R.: Hoje, 26/05/2010, às 19:00hs, um motoqueiro se chocou de frente com uma carreta na rodovia bem perto da minha casa. Muito chocante? Na realidade, não.
• O modo displicente e amador com que as auto-escolas formam os futuros motoqueiros é um absurdo!
• A moto pequena é uma opção barata como meio de transporte, mas as ruas e estradas do Brasil e os motoristas não estão adaptados para essa realidade.
Que isso não sirva para desencorajá-los de ser motoqueiro, mesmo porque quem nasce assim, já é! Então se você for um, tome cuidado e seja feliz!!!
Postado por: Nicolle Bizelli
A Galo é uma máquina show, mas o problema é que quem tem não quer vender, e é raro encontrar alguma pra venda e que esteja inteira...
ResponderExcluirMas boa sorte ai ;)
Cuba.